Primeiro dia

Hey guys. Então, como sabem, cheguei. Minha hostfamily é muito atenciosa, sempre perguntando se eu preciso de alguma coisa ou se eles podem ajudar. Eu ainda não entendo 100% do que eles dizem, por causa do sotaque e porque eles falam um pouco rápido. O Tommy principalmente fala muito rápido, eu tenho que prestar bastante atenção pra entender tudo. Espero que já já eu me acostume e consiga entender tudo. 

Mas agora vamos falar da minha longa jornada até aqui. Cheguei cedo no aeroporto de Brasília, resolvi o que tinha que ser resolvido e fiquei esperando o tempo passar. Alguns amigos meus chegaram e eu já estava muito feliz por eles terem conseguido ir. Consegui despachar minhas malas já pra Londres e pegar minha passagem do Rio pra Londres, ou seja: eu não precisaria fazer o check-in de novo. À medida que o tempo passava, mais gente ia chegando e o nervosismo só aumentava. De repente chega mais alguns amigos meus carregando uma bandeira enorme do Brasil toda assinada.

Eu fiquei tão feliz que comecei a chorar hahahaha *-* A hora mais difícil foi a hora de embarcar e dar os últimos abraços nas pessoas. Eu estava feliz de estar indo realizar meu sonho, claro, mas parte de mim ficava no Brasil.

Só parei de chorar quando o meu voo chegou no Rio. Aqui algumas anotações que fiz durante o voo:

"9 de setembro, 20:26. To no avião indo pro Rio já. Já comi e acabei de ler as cartinhas que meus amigos fizeram pra mim. Acho que o cara que tá sentado do meu lado acha que eu sou louca, porque eu to chorando e rindo ao mesmo tempo. Meu Deus... daqui a algumas horas eu to chegando em Londres, viver tudo que eu sempre quis. A palavra que descreve mais o que eu to sentindo não existe em inglês, nem em fracês, nem em alemão... É saudade. Mas já? É. Se eu pudesse, eu trazia todos vocês comigo. De verdade. Eu já tinha percebido, mas foi comprovado novamente hoje no aeroporto: eu tenho os melhores amigos e a melhor família do mundo inteiro. Eu tenho que agradecer à Ele lá em cima todos os dias por ter pessoas tão maravilhosas ao meu redor. Até o moço que fica no detector de metais percebeu isso. Enquanto eu estava tirando minhas mochilas para passar no detector, ele me falou: 'Nossa, parece que tem bastante gente que te ama hein!'. Eu não consegui responder muita coisa pro moço, apenas sorri com os olhos cheios de lágrimas de novo..."

"9 de setembro, 23:07. To no saguão do aeroporto do Rio, esperando chamarem meu voo. Já liguei pros meus pais, mandei msgs pros meus amigos... To muito mais tranquila do que estava no avião. Espero que eu consiga dormir no voo, preciso descansar meu corpo e minha mente um pouco. To um pouco receosa por conta da imigração, mas não tem motivo para dar nada errado. É só nervosismo mesmo. England, here we go!"

 O voo pra Londres foi muito tranquilo. Dormi até. Segui o fluxo, separei meus documentos e fui direto pra imigração. O homem que me atendeu não estava de bom humor, eu acho. Nem respondeu quando eu falei Oi  nem nada. Olhou meu passaporte, pediu a autorização de menor, perguntou o que eu vinha fazer no Reino Unido e aonde eu ia ficar. Perguntou se era a primeira vez que eu viajava sozinha e quem ia me buscar no aeroporto. Esse último detalhe nem eu sabia, porque ficaram de me dar a confirmação do transfer mas acabou que nem deu. Eu tinha 90% de certeza que ia ser um transfer da escola que ia me buscar e me levar pra casa, mas tinha a pequena possibilidade de ser minha hostfamily. Eu entreguei a confirmação de acomodação para o homem e disse que o transfer ia me levar direto pra Chichester e que ele devia estar esperando. Ele pegou meus documentos e pediu pra eu esperar sentada enquanto ele via se o transfer estava mesmo lá embaixo. Fiz o que ele pediu e esperei. E esperei. E esperei... Não sei quanto tempo eu fiquei lá sentada esperando. A fila chegou a ficar vazia, e só um guichê ficou funcionando. Eu estava ficando muito preocupada, me sentindo quase abandonada.

Depois de um tempo que pra mim pareceu uma eternidade, chega uma mulher com os meus documentos. O homem que antes estava me atendendo disse à ela que eu era passageira dele e que eu esperasse enquanto ele resolvia outros problemas de outras pessoas. A mulher (que eu devia ter agradecido por ter sido tão gentil) disse que eu já estava esperando fazia muito tempo, e então ela resolveria isso pra mim. Peguei meus documentos, minhas malas e saí à procura do meu transfer. Um senhor um pouco mais velho estava segurando uma plaquinha com o meu nome e o alívio que eu senti ao vê-lo foi sobrenatural. Ele foi a pessoa mais simpática do mundo comigo. Super engraçado sempre. Me fez esquecer um pouco o que eu tinha acabado de passar e me fez começar a curtir a Inglaterra. Me contou um pouco sobre a história local, sobre o clima, sobre as cidades pelas quais passávamos... Quando contei que era de Brasília, ele começou a falar sobre a arquitetura de lá. Ele, quando mais jovem, esteve envolvido na arquitetura da minha cidade natal. Fiquei impressionada com o tanto de conhecimento que ele tinha.

Cheguei na minha casa e eles me receberam de braços abertos. Eu estava meio tímida (ainda estou um pouco), mas o Tommy logo me fez ficar mais relaxada. Sério, aquele menino é uma fofura! Keith (hostdad) me fez um café e colocou as malas no meu quarto, enquanto Sam (hostmum) e Tommy (hostbrother) me faziam ficar mais à vontade, perguntando coisas sobre o Brasil. Lauren (hostsister) ainda estava meio tímida, assim como eu. Tomei um banho, falei com minha família e amigos do Brasil, conversei mais um pouco com eles e fui descansar, afinal o dia tinha sido looooongo.

4 horas da manhã eu acordei, sem sono algum. Fiquei acordada até 6 horas da manhã, quando consegui dormir de novo, para acordar novamente às 8:30h. Agora, o Sol está raiando (sim!), mas ainda venta bastante. A previsão do tempo é só esfriar, mas não posso desanimar!

Bom gente, é isso.
Beijos,
Taty.